A aventura do infante "Narciso Tramado" na Terra dos adultos

Ou, a queda de um anjinho

Narciso Tramado, o nosso herói caído na desgraça que é a Terra dos adultos, ainda não tinha nascido e o destino já lhe tinha sido desejado. A sua Mãe bem que o tentou convencer a não crescer, para evitar que a queda o magoasse, mas Narciso acreditou ser capaz de mudar o Mundo, a tal Terra dos adultos.

Narciso cresceu de modo absolutamente normal, face às outras crianças, era um menino bonito, mas sem brilho especial, protegido, que sem correr riscos especiais passou pela juventude sem trilhar os caminhos marginais em que tantos outros se preparam para a Terra dos adultos. E essa foi a condenação de Narciso.

Uma vez maturado fisicamente, Narciso aproximou-se de gente que navegava nas margens da Terra dos adultos, e apaixonou-se pelo Libertarianismo, uma esperança de modificação da Terra dos adultos no sentido de redução da Maldade dos mesmos adultos.

Mal sabia Narciso, que a Maldade já o tinha conquistado, quando a gente de que se rodeou, o convenceu de que Narciso poderia ser protagonista no movimento de adultos. Adultos que já tinham esquecido, aquilo que o anjinho anda a aprender, quando decide “dar o corpo às balas”.

Mas, Narciso, com a soberba habitual dos imberbes, decidiu avançar e iniciou a sua campanha eleitoral, apoiado pela “gente”.

E o cenário montou-se para assistirmos em directo à queda de mais um anjinho.

Nota:

Camilo Castelo Branco, no seu livro “A Queda de Um Anjo” descreveu a queda que milhares de anjos portugueses, (Narcisos Tramados), sofrem quando chegam à Terra dos adultos. A estória repete-se eternamente e do mesmo modo.

Resumo do romance:

“"A Queda de Um Anjo" é uma obra satírica de Camilo Castelo Branco que retrata, de forma irônica, a transformação de um homem simples e conservador, Calisto Elói, ao entrar em contato com a vida urbana e cosmopolita de Lisboa.

Calisto, um fidalgo provinciano, é eleito deputado e se muda para a capital portuguesa. Lá, ele se vê envolvido em um turbilhão de novas experiências e tentações, abandonando seus valores tradicionais e adotando os costumes da alta sociedade.

A obra satiriza os valores da época, como a hipocrisia, a corrupção e a busca pelo poder e pelo status social. Através da personagem de Calisto, Camilo Castelo Branco critica a perda de identidade e a fragilidade moral do indivíduo diante das pressões da sociedade moderna.

Pontos-chave da obra:

Sátira social: A obra satiriza a sociedade portuguesa da época, com foco na hipocrisia da classe dominante e na perda de valores tradicionais.

Transformação do protagonista: Calisto, o "anjo" que cai, simboliza a perda da inocência e a corrupção do indivíduo diante da sociedade.

Crítica à modernização: A obra critica a rápida modernização de Portugal e seus impactos na cultura e nos costumes.

Em resumo, "A Queda de Um Anjo" é uma obra atemporal que continua relevante por abordar temas como a identidade, a corrupção e a busca por felicidade em uma sociedade em constante mudança.”.

João Pereira da Silva

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