A Natureza Humana é Imutável
Mas muda constantemente forçada, especialmente pelo Mal, no Homem. O Bem, no Homem, é sobretudo uma força de resistência.
Prompt: “Gera uma imagem de um Homem (representante da espécie) a ser mudado pelos seus próprios medos, anseios, motivações, quando pressionado pelo Mal, a autodestruir-se.”.
O ChatGPT a ilustrar o assunto do post, foi mais eloquente do que qualquer homem não-artista, poderia ser. E, que dizem(?) da didascália feita também por IA:
A imagem mostra um homem em processo de autodestruição, moldado pelos seus medos, ansiedades e motivações internas. Ele está no centro, com a sua figura distorcida e despedaçada, simbolizando a batalha emocional e psicológica que o consome. Sombras escuras o envolvem, representando uma força maligna e esmagadora que pressiona sua mente e espírito, levando-o a uma espiral de caos e autodestruição. Ao redor, camadas de sombras turvas misturam-se com luzes internas, sugerindo o conflito entre o desespero e a persistência de uma esperança frágil.
Sem entrar muito na filosofia do Mal e do Bem, e usando apenas as duas versões ocidentais principais, a gnóstica e a cristã, há diferenças fundamentais nas duas abordagens:
A Mudança Imposta pelo Mal
No Gnosticismo: O mal, entendido muitas vezes como o domínio do demiurgo e do mundo material, é visto como uma força que tenta distorcer e aprisionar a verdadeira natureza humana, alienando-a de sua origem divina. Para o gnóstico, a mudança imposta pelo mal não é uma transformação autêntica, mas uma tentativa de desviar a centelha divina de sua verdadeira identidade. O mal força uma adaptação ou conformidade com o mundo material, mantendo o indivíduo em ignorância e impedindo-o de atingir a gnose, que é a libertação dessa condição.
No Cristianismo: O cristianismo vê o mal como uma força que corrompe e desvia a natureza humana de seu propósito original. A ação do mal no ser humano não altera a imagem divina, mas obscurece e enfraquece sua manifestação. O mal força uma mudança na conduta, nas atitudes e no caráter humano, o que se traduz em comportamentos destrutivos e em uma alienação de Deus e do próximo. Esse efeito é combatido pela graça divina, que não destrói a natureza humana, mas a redime e a renova, fortalecendo o indivíduo contra as forças malignas.
O Bem como Força de Resistência
No Gnosticismo: No gnosticismo, o bem no ser humano é a força interior, a centelha divina, que resiste ao domínio do mundo material e à manipulação do demiurgo. Esse bem é, essencialmente, uma força de resistência à ilusão e à ignorância que o mundo tenta impor. A jornada gnóstica de autoconhecimento é o processo de fortalecer essa resistência, permitindo que o indivíduo escape da prisão material e recupere sua identidade verdadeira.
No Cristianismo: O cristianismo vê o bem como inerente ao ser humano, embora obscurecido pelo pecado e pelas influências malignas. O bem é uma força ativa e restauradora que provém da graça divina, capacitando o ser humano a resistir ao mal e a buscar a virtude. A resistência ao mal no cristianismo não é apenas um esforço de defesa, mas também um chamado à transformação ativa e ao fortalecimento da alma, conduzindo o indivíduo a um relacionamento mais profundo com Deus e com a comunidade.
Os Libertários, embora possam ter fundo cristão, estão no meu entender mais próximos da visão gnóstica, que da cristã, no que toca a entendimento do Bem e do Mal. E, antes que libertários apareçam a dizer que “isso é errado: somos cristãos”, recordo que a perspetiva cristã e a gnóstica têm forte interligação desde os tempos da antiga tradição grega. Mesmo São Paulo foi acusado de ser gnóstico.
A centelha divina, boa, reside no coração de qualquer homem e resiste às forças do mal, sendo que o conceito de pecado original já pouco nos diz. Para os gnósticos, essa centelha é a representada na imagem pelo fogo ardente no peito. Esse fogo ardente é Imutável, embora possa ser afectado pelo Mal gerado pelo Demiurgo.
Por isso, afirmo: ser Libertário é uma postura Idealista e espiritualista. A um Libertário nunca é oferecida (nem pela sua própria mente) a perspectiva de que o Mal no Mundo possa ser derrotado.
Antes pelo contrário: os Libertários sabem bem que o Mal é invencível. No entanto: opõem-se-lhe.
Que esperar nessa luta invencível? Pequenos tempos de tréguas, uns tempos de respirares mais leves, sucedido por outros tempos de respirares mais pesados, mas sem nunca deixar de lutar.
Desistir é morrer mais um pouco, e deixar o Mal avançar sem travões.
João Pereira da Silva
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Se bem que o cristianismo deveu muito ao gnosticismo (e teria sido apenas uma corrente dele) a verdade é que, com o passar dos tempos, o gnosticismo passou a ser um inimigo declarado do Cristianismo.
Em 325, vários evangelhos gnósticos foram eliminados sistematicamente, após o Concílio de Niceia, e apenas sabemos da sua existência recentemente, pelos livros escondidos em Nag Hammadi.
Em 1209, a cruzada albigense foi especificamente criada pela Igreja Católica para eliminar os cátaros, gnósticos.
A perspectiva cristã evoluiu portanto claramente de uma forma antagónica da gnóstica:
A perspectiva cristã implica um confronto físico contra os opositores, com vista à sua aniquilação total. Nos opositores a eliminar, passou a incluir inclusivé os gnósticos.
A perspectiva gnóstica implica que a vitória não é física, é espiritual. O conhecimento e reconhecimento da nossa realidade e capacidade superior ao do demiurgo - a gnose - é ela própria a vitória sobre o Mal.
No gnosticismo, não vencemos o Mal, escapamos dele.
Excelente imagem.
A guerra na minha visão sempre foi dentro de nós e ela é espiritual. O mal não será vencido até que o nosso rei venha e ponha um fim nele.