O significado da passagem do Tempo
Quando pensamos no assunto, há um grande significado na passagem do Tempo
A grande Democrata (e intelectual) Kamala Harris discorreu há pouco tempo sobre o significado da passagem do Tempo, num discurso num sítio qualquer. Segundo ela “há um grande significado na passagem do Tempo”.
Tomando estas gloriosas e sábias palavras como base, gostava de dar a minha opinião sobre o significado da passagem do Tempo.
O Tempo passa. Eventualmente, o Tempo não existe, porque não é palpável, mas o movimento da Terra, do Sol, dos astros, marcam e definem a passagem do Tempo. O Tempo é o que faz o Universo existir, é a capacidade de movimento. Sem Tempo não haveria movimento, e o Universo seria estático. O Tempo existe, portanto.
Alegadamente, o Tempo existe, e apenas tem um movimento, para a frente. Não é possível viajar para trás no Tempo, por isto mesmo. É impossível fazer a pasta de dentes que saiu da bisnaga voltar a entrar e ficar igual ao que estava. Um ovo partido não volta a “despartir”. O Tempo não volta para trás. A entropia de um copo de água fria aumenta quando é aquecido pelo ambiente, mas não poderá ser re-arrefecido pelo ambiente, pelo menos não mais do que o próprio ambiente.
O Tempo apenas tem um sentido. Acredita-se que esta seja uma verdade universal, que em todo o Universo o sentido do Tempo é sempre o mesmo, e é igual ao que se passa na Terra. O Tempo nunca volta para trás.
A não ser este Domingo. Neste Domingo, iremos assistir à demonstração de Poder do Governo sobre as regras da Física, sobre todo o Universo, sobre o conceito mais imutável das nossas vidas.
Por decreto, o Governo -por si só uma entidade física fictícia, apenas possível pela manutenção pela Força do Poder e Controlo sobre os indivíduos sobre os quais “governa"- irá fazer o Tempo voltar atrás uma hora.
As pastas de dentes não irão voltar atrás nas bisnagas, no entanto. Os produtos que aqueceram não irão voltar a ficar frios, o Sol não irá andar para trás. A entropia do Universo irá manter-se igual. As ordens e as Leis do Governo são irrelevantes para o Universo. O Universo irá rir-se (se decidir sequer preocupar-se com os relógios na União Europeia). Se ninguém tiver despertadores, nem sítio onde ir a um Domingo de manhã, iremos todos dormir o mesmo, desrespeitando a Lei, porque o nosso corpo tem hábitos.
Mas o Governo manda. E provavelmente vamos estar sem fome ao almoço, sem sono à hora de dormir, e com sono à hora de acordar, na segunda feira. O Governo, praticando a sua atividade favorita, roubou-nos uma hora. A desculpa é, não só que roubou a todos por igual (portanto foi um roubo equitativo), mas também depois irá devolver essa hora, daqui a 6 meses.
Como sempre, as Leis do Governo não servem para nada. Roubam uma hora, para depois a devolver. Para quê?
Sentem-se, porque é de rir.
Para poupar energia. Ou para as crianças não irem de noite para a escola, ou uma outra qualquer desculpa esfarrapada.
O Governo tem a arrogância e a prepotência de achar que é importante mexer nos relógios de toda a gente, para poupar energia, como se houvesse mais escuridão de manhã ou de noite. É um argumento sem sentido, sem lógica, sem qualquer benefício, e pelo contrário, que causa problemas a toda a gente.
Pior. Esta ideia imbecil é, infelizmente, seguida por vários países. Mas notem: Cada país escolhe dias diferentes. Na União Europeia a palhaçada acontece no último domingo de Outubro, nos Estados Unidos no primeiro domingo de Novembro. Na Austrália é o primeiro domingo de Outubro, e na Nova Zelândia, o último domingo de Setembro. Ninguém se entende, ninguém beneficia, ninguém acha isto uma boa ideia, mas continuamos todos a fazer, apenas por já se fez no ano anterior.
De um dia para o outro, sairemos dos empregos à mesma hora, mas será mais escuro. Durante pelo menos uma semana, os nossos corpos terão que se habituar a acordar uma hora mais cedo (porque a fisiologia não se muda por decreto), e no Domingo, o dia será estranho, como se algo estivesse errado. E está.
Não contentes com isto, dentro de seis meses, repetiremos.
Como dizia a grande filósofa Kamala Harris “quando pensamos nisso, há um grande significado na passagem do Tempo”. E um dos significados é que a prepotência e arrogância do Estado é infinita. O outro significado é que o Estado é capaz de criar Leis antinaturais, e de as manter, contra a Natureza, e portanto contra as pessoas. O outro significado é que Portugal perdeu de tal forma a sua soberania, que nem para mudar a hora está autorizado, sem a autorização da União Europeia.
O Tempo deveria poder voltar para trás, sim. Mas voltar ao tempo em que não existiam Governos ultra controladores, parasíticos, procurando a Glória de Mandar, e a vã cobiça de defender os cidadãos de si próprios.
Há um grande significado na passagem do Tempo. É que parece que não aprendemos que, sem Estado, estaríamos todos muito melhor.
Não se esqueçam de ser cidadãos obedientes e mudar a hora, no Domingo.
Uma coisa assustadora, cada vez que falo a alguém normal em acabar com a mudança da hora, todos, invariavelmente me respondem: "mas eu gosto da hora de verão"
Eu tento dizer: "então porque não ter a hora de verão todo o ano?"
Mas aí gera-se um silencio, um grande vazio, suficiente para reflectir que a matemática e incompatível com a humanidade e é escusado discutir conceitos abstratos.