Os agoristas libertários: viver em negação é um caso de disfunção mental
Um "agorista" libertário é um indivíduo que adere à filosofia política do agorismo, uma vertente do libertarianismo de mercado livre. Desenvolvido pelo filósofo e economista Samuel Edward Konkin III, o agorismo defende a criação de uma sociedade livre através do uso de mercados negros, buscando minar o Estado por meio da economia subterrânea.
Na realidade a teoria agorista não é muito diferente do anarco-capitalismo, pois ambos defendem o fim do Estado, no entanto, os anarco-capitalistas defendem a criação de instituições privadas de segurança e justiça, por conta da substituição das funções do estado mantendo por isso uma organização social onde pelos seus princípios de não agressão é a base para assegurar que não há vítimas pelo facto de uma grande parte das populações estarem dependentes dos tentáculos de opressão do Estado. No fundo, um anarco-capitalista parte de uma organização social centralizada, para uma sociedade anarquista, isto é, para a desconstrução do centralismo para uma organização expontânea da sociedade sem intervenção estatal. Já os agoristas enfatizando a acção directa através do mercado negro, vivendo à margem da organização social, defendem o oposto, parte da anomia (de uma sociedade sem regras) e acreditam que a partir daí, através simplesmente do comércio-livre se atingirá a sociedade sem coerção estatal. É nesta diferença conceptual que se percebe porque é que os anarco-capitalistas aceitam o minarquismo (funções mínimas do Estado centrado na protecção da vida, liberdade e propriedade), como fase intermédia entre a desconstrução do estado à sociedade sem coerção estatal.
O problema do agorista para ter um espaço dentro dos moldes actuais da sociedade é que eles não se identificam como agoristas, usam simplesmente a palavra libertário ou alguns, os mais doentes da sua patologia mental, de anarco-capitalistas. Este encobrimento, este disfarce de pensamento, não é mais que um “medo”, o medo da rejeição social, pois não conseguem conceber instituições e associações voluntárias de pessoas, enquanto não se passar pela destruição do existente, para eles todas estão minadas de estado, de interesses de lóbis, tudo é conspiração programada pelo opressor.
Como este “disfarce” não é compatível com a sua essência, o agorista, aparece permanentemente nas redes sociais, nos fóruns, nas conversas, debitando ódios, desconfianças, insatisfações permanentes, culminado com teorias conspiracionistas, quando não, insultam os interlocutores derramando números de QIs mínimos necessários para que estes possam contrapor a sua eminência intelectual.
Neste momento o movimento libertário, que está em crescendo ao nível mundial e tem como ponta de lança o Milei, tem sido um grande problema para o agorista. O agorista, como aparece como simples libertário entra em contradição. Milei, aquele libertário que não é liber-tarado, segundo as suas palavras, é um assumido anarco-capitalista que priorizou e assumiu o minarquismo e alguma vezes até um pouco menos que isso, como caminho a percorrer. Ora o agorista que anda a gritar a sete ventos que é libertário, anarco-capitalista, entra num rodopio patológico mental, sem fim. Como o agorista tem como caminho a simples destruição das instituições, em vez de se afirmar agorista, vem afirmar que os outros libertários, não são libertários e não passam de conspiracionistas agentes da “Nova Ordem Mundial”. Até a mim, já me acusaram deste envolvimento, eu, um misero pagador de impostos.
A maioria dos libertários, perante este movimento crescente libertário, afirmam que é um passo e demonstram alguma satisfação pelas conquistas. Já o agorista entra na espiral mental da permanente insatisfação, da insatisfação crónica. Infelizmente a insatisfação crónica é um problema grave no indivíduo, pois não passa de um cocktail de patologias identificadas, que passa por transtornos de humor (tanto estão felizes a explicar a sua teoria, como passam aos insultos quando não concordam), transtornos de personalidade (viver em incongruência, faz com que o individuo se auto-percepcione como falso), transtornos de ansiedade (pois esperam sempre pelo próximo dia , para fugir da sua derrota de hoje), refugiam-se no perfeccionismo afirmando que se pode sempre fazer melhor para justificar a sua insatisfação (por exemplo, num evento libertário recente, para definir o futuro do movimento em Portugal, um doente patológico, no momento de conversa de espera para terem quórum, lá veio com o Milei e a “sua falha” de não ter terminado com o Banco Central e assim Milei não é libertário, porque não é perfeito, enquanto o doente patológico expressou a sua perfeição moral. Na minha opinião deveria era estar a falar nos problemas que nos assolam e motivo desse evento). O refúgio no perfeccionismo, não é mais a consequência da doença, uma baixa autoestima provocada pela rejeição social que estão sujeitos os libertários agoristas, pela sua permanente rejeição do que são e pela vivência em contradição entre o que dizem ser e o que de facto são.
António Xavier
No X: @CantodoKant