TOURAL – A REDE SOCIAL QUE FOI UMA AMEAÇA PARA O GOVERNO
Segundo reza a história, o TOURAL é uma rede social criada no século XVIII, que consta ter mais de 160 mil seguidores (eu penso que serão mais) e tem como característica principal funcionar de forma analógica.
Essa rede, que utilizei cerca de 30 anos de forma diária, também suportava fóruns e ‘podcasts’. Alguns ficaram famosos pelos seus utilizadores. Recordo-me no auge como utilizador que ocorreu precisamente após o 25 de Abril e por isso a rede abriu-se à liberdade de opinião e expressão que existiam os ‘podcasts’ dos Liberais e Conservadores, “O Alecrim”, o socialista “o Óscar”, o das esquerdas extremistas “O Aníbal”, o do Partido Comunista – este tem que ser oficial – “O Mourão”. Claro que estes ‘podcasts’ adoptaram o nome dos cafés onde as pessoas paravam.
Na página principal do Toural, principalmente ao fim da tarde, a rede social explodia. As meninas do secundário e as empregadas das lojas, passavam pela rede em autênticos selfies, produzidas e bem vestidas para que os restantes vissem essas selfies ambulantes, também existiam alguns meninos, mas esses mais comedidos.
Para além dos posts oriundos de um ‘podcast’ não político, “O Martins”, cujo tema era sempre o Vitória, que estavam em maioria; as restantes conversas que se desenvolviam era sobre política. Estas conversas estavam bem demarcadas, cada grupo oriundo dos ‘podcasts’, ficavam num dos cantos da praça, separados entre eles, raramente se viam pessoas fora das amizades a irem importunar os outros grupos. Mas bastava um pequeno problema político nacional ou local, que já a mistura dos grupos era fomentada. Às vezes a mistura era somente para ir trollar a conversa dos outros. Normalmente aparecia o mentiroso, que contava sempre umas fake news, o radical que procurava a discussão e a revolta gratuita, mas quando de início um ou outro dos utilizadores até acreditavam e eram enganados, aos poucos todos já sabiam a quem não dar importância.
O problema era quando os grupos se começavam a unir, conseguia-se perceber o que estava a acontecer na comunidade. Se existia revolta ou aceitação contra uma determinada governação. Quando revoltados, o facto de os grupos estarem unidos, tinham capacidade de alterar o rumo da política na comunidade. Era uma força imparável.
Isto foi quando eu estava activo na rede, mas estava na memória de todos quando a força da Rede Toural foi parada, porque era uma ameaça à governação, era um segundo os governantes um “local de fake news, era um local onde o incauto era levado por discursos radicais”. E era tão perigoso que o governo colocava perfis falsos, somente para denunciarem e bloquearem o infractor. Esses tempos, somente o ‘podcast’ “O Martins”, o do futebol, era permitido. Todos os outros ajuntamentos eram perseguidos, presos. Sim, esse tempo foi durante a Ditadura de Salazar, onde a polícia política perseguia quem queria falar livremente.
Ontem Montenegro, veio afirmar que as redes sociais eram um perigo para a governação na Europa e em Portugal. Ontem muita esquerda também se manifestou de acordo com Montenegro, pelos perigos de por sermos livres, podemos ser enganados. Há 50 anos essa esquerda foi presa por usar a rede social TOURAL, hoje querem prender aqueles que querem usar as redes sociais.
Se queres ser livre luta pelo teu TOURAL, não deixes que as conversas mansas levem-te um dia à prisão.
https://www.youtube.com/@golpelibertario; https://x.com/Libertarios_pt; https://x.com/golpelibertario
Canto do Kant (@CantodoKant)
António Xavier